ARTIGO
DE OPINIÃO
O
artigo de opinião, como o próprio nome já diz, é um texto em que o autor expõe
seu posicionamento diante de algum tema atual e de interesse de muitos. É um
texto dissertativo que apresenta argumentos sobre o
assunto abordado, portanto, o escritor além de expor seu ponto de vista, deve
sustentá-lo através de informações coerentes e admissíveis. Logo, as ideias
defendidas no artigo de opinião são de total responsabilidade do autor, e, por
este motivo, o mesmo deve ter cuidado com a veracidade dos elementos
apresentados, além de assinar o texto no final. Contudo, em vestibulares, a
assinatura é desnecessária, uma vez que pode identificar a autoria e
desclassificar o candidato. É muito comum artigos de opinião em jornais e
revistas. Portanto, se você quiser aprofundar mais seus conhecimentos a
respeito desse tipo de produção textual, é só procurá-lo nestes tipos de canais
informativos. A leitura é breve e simples, pois são textos pequenos e a
linguagem não é intelectualizada, uma vez que a intenção é atingir todo tipo de
leitor. Uma característica muito peculiar deste tipo de gênero textual é a
persuasão, que consiste na tentativa do emissor de convencer o destinatário,
neste caso, o leitor, a adotar a opinião apresentada. Por este motivo, é comum
presenciarmos descrições detalhadas, apelo emotivo, acusações, humor satírico,
ironia e fontes de informações precisas. Como dito anteriormente, a linguagem é
objetiva e aparecem repletas de sinais de exclamação e interrogação, os quais
incitam à posição de reflexão favorável ao enfoque do autor. Outros aspectos
persuasivos são as orações no imperativo (seja, compre, ajude, favoreça, exija,
etc.) e a utilização de conjunções que agem como elementos articuladores (e,
mas, contudo, porém, entretanto, uma vez que, de forma que, etc.) e dão maior
clareza às ideias. Geralmente, é escrito em primeira pessoa, já que trata-se de
um texto com marcas pessoais e, portanto, com indícios claros de subjetividade,
porém, pode surgir em terceira pessoa.
ATIVIDADE SOBRE O ARTIGO DE OPINIÃO
(OLÍMPIADAS DE LÍNGUA PORTUGUESA)
1ª
atividade:
1) O
professor apresenta o texto abaixo propondo que a turma acompanhe a leitura que
ele vai fazer.
OBS.:
O texto sofreu adaptação, no entanto, o professor poderá consultá-lo na
íntegra, acessando o link da fonte.
ATENÇÃO:
O texto selecionado estava na pauta do dia quando esta aula foi construída.
Sugerimos que o professor utilize outro texto, caso a temática esteja
desatualizada.
Tiririca,
populismo e despolitização
A.
P. Quartim de Moraes
O
desempenho eleitoral de Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como
o palhaço Tiririca, tem sido avaliado com certa indulgência por analistas e
cientistas políticos. Seria apenas uma "manifestação de protesto" do
eleitorado. Muitos desses analistas chegam a lembrar, numa comparação só
aparentemente pertinente, que em São Paulo mesmo, nos anos 50, o rinoceronte
Cacareco obteve votação maciça para vereador. Manifestação de protesto,
especialmente numa eleição, é ato eminentemente político. Pressupõe consciência
da adequação do meio ao fim que se pretende alcançar. O que pode existir de
político no ato de votar num candidato que assumidamente não tem a menor ideia
do que sua investidura poderá significar? Numa pessoa visivelmente manipulada
por dirigentes partidários espertalhões? Pode ser muito engraçado eleger um
palhaço para esculhambar um Poder da República que cada vez menos se dá ele
próprio ao respeito. Mas não é nada engraçado verificar que palhaçadas acabam
resultando quase sempre em decisões parlamentares que pouco ou nada têm que ver
com os verdadeiros interesses dos eleitores. Quando, nos anos 50, dezenas de
milhares de votos foram dados ao Cacareco, o pior que aconteceu foi o
desperdício desses votos, obviamente, anulados. Agora, a enorme votação do
Tiririca acabou elegendo pelo menos mais três deputados da mesma coligação que
por si sós não teriam chegado lá. Não é impossível, claro, embora não pareça
provável, que o futuro deputado em questão venha a revelar verdadeiro espírito
público e se transformar em valoroso representante do povo. Mas o fato é que o
voto em Tiririca nada teve que ver com protesto. De consciente pode ter tido,
no máximo, a intenção do deboche. No resto, é pura despolitização, falta de
informação, ignorância. É um tiro que o eleitor alienado deu no próprio pé.
Esse fenômeno é exemplar da grave despolitização que se alastra pelo País desde
o advento do populismo lulista no poder. Como nosso presidente tem origem
humilde e está blindado pela cultuada imagem de "homem do povo",
torna-se quase impossível criticá-lo sem cometer grave ofensa ao povo. Convém
começar, portanto, pelos elogios: o governo Lula, sem a menor sombra de dúvida,
tem feito o País andar para a frente, tornar-se melhor, no sentido de mais
próspero, durante os oito anos de seus dois mandatos. Para citar duas
realizações mais relevantes, entre si fortemente relacionadas: a aceleração do
desenvolvimento econômico, unanimemente confirmada por todos os indicadores
disponíveis e, até mais importante, consequência da anterior, a incorporação de
muitos milhões de brasileiros antes marginalizados ao mercado de consumo. Há,
portanto, muito menos gente passando fome e muito mais desfrutando os
benefícios do progresso no Brasil de hoje. É claro que isso tudo é o resultado
de um trabalho que começou muito antes de Lula se tornar presidente - a tal
"herança maldita" -, mas é inegável seu grande empenho e seu êxito na
aceleração e no aprofundamento dessas realizações. Por esses feitos meritórios
o Brasil e este escriba rendem justa homenagem à ilustre figura. Mas o que não
conseguem enxergar os adoradores de Lula encharcados do mais piedoso sentimento
de amor aos pobres - com os cínicos e oportunistas nem adianta argumentar - é
que indicadores econômicos positivos estão longe de ser suficientes para
demonstrar desenvolvimento pleno, econômico e social. Tão importante quanto dar
de comer a quem tem fome é criar condições para que o faminto tome consciência
de que tem o direito não apenas de receber a benesse de um prato de comida, mas
de obter o próximo prato por seus próprios meios, como exige sua dignidade de
ser humano. Essa é a verdadeira conquista social, porque dela o homem é sujeito,
não mero objeto, como não se cansava de repetir o mestre Franco Montoro. Esse é
o verdadeiro progresso. O resto é assistencialismo inconsequente ou, pior,
oportunista. Certamente considerações dessa natureza, com todo o respeito
humano que lhe é devido, são demais para a cabeça do campeão de votos Tiririca.
Mas agora ele será governo, e também como tal deve ser respeitado. E os
incomodados que afoguem o inevitável desalento no aforismo cínico de que cada
povo tem o governo que merece.
Fonte:
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,tiririca--populismo-e-despolitizacao,623300,0.htm (Adaptação)
2) Após
a leitura, o professor propõe uma discussão a partir das questões:
-
O autor do artigo de opinião relata um acontecimento da política brasileira.
Que acontecimento é este?
-
Na opinião do autor a vitória do palhaço Tiririca é resultado de um governo
populista. Você concorda com isso?
3) Após
as indagações, o professor chama a atenção da turma para uma das
características do artigo de opinião: nesse gênero há o que é o
fato e o que é a opinião do autor. Para exemplificar essa marca textual,
propõe-se que, coletivamente analisem as citações para que os alunos possam
identificar o que é fato e o que é opinião:
a) O
desempenho eleitoral de Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como
o palhaço Tiririca, tem sido avaliado com certa indulgência por analistas e
cientistas políticos. Seria apenas uma "manifestação de protesto"
( )
Fato ( )Opinião
b) Esse
fenômeno é exemplar da grave despolitização que se alastra pelo País desde o
advento do populismo lulista no poder. Como nosso presidente tem origem humilde
e está blindado pela cultuada imagem de "homem do povo", torna-se
quase impossível criticá-lo sem cometer grave ofensa ao povo.
( )
Fato ( )Opinião
c) Tão
importante quanto dar de comer a quem tem fome é criar condições para que o
faminto tome consciência de que tem o direito não apenas de receber a benesse
de um prato de comida, mas de obter o próximo prato por seus próprios meios,
como exige sua dignidade de ser humano.
( )
Fato ( )Opinião
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